O doce sabor que salga o amor
degusta-se dentro de uma malga sem cor
evitando-se usar o talher, sempre frio,
que se encosta, vezes a fio,
ao esmalte raro da dentição hiper-sensível
de quem já viveu para lá do crível.
Que coisa tão sentida e sem definição,
que coisa tão indefinida por definição.
O doce sabor solda-se ao enrubescimento
que encarna na pele do sentimento.
Tocam-se mordeduras a arranhar os gemidos,
os sonidos enluvados, estremecidos,
o resvalar entre saliências e reentrâncias
toca-se tudo para longe, bem longe das distâncias.
Que coisa tão sentida por definição,
que coisa tão afirmada e sem indefinição.
O doce sabor lateja em todos os olhares,
cúmplices e companheiros, nos toques pares,
no rosto vivo de todos os pontos descobertos,
na vontade de encostar em porque “sins” certos
e até o cheiro ao deixar latente o sal que escorre
num deleite, deixa-se ficar e não morre.
Valdevinoxis
(revisto, publicado em 27/06/2008)
A boa convivência não é uma questão de tolerância.