Não quero nem tento entender
Um sonho á deriva pensando viver
Um murro no estômago sem fazer doer
Um andar apressado querendo correr
Não quero nem tento entender
Uma solidão consolidada
Numa esperança enviesada
Este vazio que finjo não ver
Uma terra que caminha
Por entre névoas na lembrança
Pigmentadas de bonança
Numa calmaria que adivinha
Que a seiva é suor gelado
Em que o sol abrasador se deleita
Bem que tenta contrafeita
A sombra empurrar um arado
Para assim esfarrapar um grito calado
Que o povo solta cansado
Onde está a memoria colectiva
Que finjo não existir
É-me mais cómodo não ver e sorrir
Esquecer que existe uma força nativa
Ela espreita por detrás do monte
Envolta em agreste saudade
Espera calada pela vontade
De uma força que já foi possante
Também espreita por detrás da vida
De uma criança que olha a direito
Coisa que há muito perdi o jeito
Sabem, essa criança não teme a subida
Corre-lhe nas veias o sangue de outrora
Já cobriu a terra de vermelho rubro
Alentejo desperta, ergue do escombro
As forças que fazem, nascer a aurora
Antónia Ruivo
Era tão fácil a poesia evoluir, era deixa-la solta pelas valetas onde os cantoneiros a pudessem podar, sachar, dilacerar, sem que o poeta ficasse susceptibilizado.
Duas caras da mesma moeda:
Poetamaldito e seu apêndice ´´Zulmira´´
Julia_Soares u...