Balanço-me numa corda segura
Entre as duas margens abruptas
De um rio calmo serpenteando em bonança
De águas profundas e negras
Cunhando imperiosamente a sua presença
Em serras agrestes e majestosas
Encontro o equilíbrio momentâneo
Entre vertigens que atemorizam o meu ser
Mas a deliberação de planar permanece
Num jogo de vida sob o abismo intempestivo
Num deslize partes de mim se esfumarão
Em fracções de tempo
Se as forças me faltarem
Se as estratégias falharem
Se os meus olhos cegarem
E o tumulto das emoções
Anulará a temperança
E a razão perder-se-á na proporção
Infinita dissimulação nascida pseudo filosofia
Revogará a sensata moderação
E da mente se ausentará a harmonia
Pois a existência, como um karma
Só para alguns se torna horrenda
Porque morrer é a parte mais simples
Há quem esgotado pela amargura defenda!