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há gente doente

 
 

há gente doente.um dia senti-lhe gangrenar o coração.foi como um sopro no cérebro,uma ambição desmedida.tombou do corpo como quem se levanta e diz:já não estou cego!consigo ver tudo.e transpirava.transpirava.
estava calor.sentei-me desolada.via-lhe as minhocas a sair da boca,mas nada havia a fazer.houve quem viesse com canas de pesca e aproveitasse o isco.houve quem não se apercebesse de nada.houve até quem fizesse uma festa e pedisse autógrafos.já eu:seca de tão espantada.
na minha cidade, àquela hora, bizarramente parada,surpreendi ao meu lado,um balde.olhei-lhe para o fundo e pensei cuspir.mas,de garganta seca, engoli a idéia.surgiu-me logo esta vestida de lucidez,em seguida:talvez seja água tudo o que lhe faz falta!
ao segundo olhar, o balde encheu-se.não estive com coisas,nem avisei a malta.atirei-lhe com ela para a cara.
E perante o seu próprio espanto,senti (finalmente!) uma estranha humidade.



"à conversa" com o “sr.absurdo” (de margarete silva): http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=136746#ixzz0s9g3f8rE


cruz mendes

 
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Alexis
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Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 28/06/2010 17:25  Atualizado: 28/06/2010 17:25
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 há gente doente à alexandra.
há gente que não sabe o que é "gangrenar o coração" nem tão pouco como se faz o "sopro no cérebro". há gente que tem medo do "balde" e muito mais de o encher. o sr.absurdo fala dessa gente e para essa gente. para que percebam. para que entendam o que a humidade faz ao corpo e ao coração.
obrigada por tudo alexandra, por estares lá, por descobrires o mundo, por escreveres como hoje. serás sempre uma das pessoas mais importantes.porque sim. porque sabes. porque fazes, como eu, acontecer. e é tão bom.


um beijo,
mar.