Das palavras, as mais simples. Das simples, a menor.” Winston Churchill
QUE FAZER COM ESSA TAL FILOSOFIA?
Se o pensamento fica em burburinho a girar num carrossel de sentimentos...
Que fazer se cada questionamento tem inúmeras respostas que não convencem?
- Importante, querida Lufague, não são as respostas, mas as perguntas que impulsionam o nosso pensamento. Uma prova disso está no próprio título da tua sadia provocação.
Radical é ir fundo as raízes dos questionamentos...
Será filosofar a tentativa de praticar o desejo teórico?
- A meu ver toda ‘praxis’ antecede uma boa base teórica que leva ao experimento do objeto que se quer comprovar pela hipótese... Lembra-se da tese, antítese e síntese? Assim temos o pensamento bem consubstanciado como resultado do ato de intuir, pensar, deduzir, comprovar.
Ou será que dá sentido aos mistérios que nos envolvem?
- Sim! Encontramos nos meandros do pensamento o seu próprio sentido, a desvendar os mistérios da vida, mas nunca esgotá-los.
Talvez seja a filosofia o caminho contrário da fé... De todas as fés, será?
- Não! A filosofia é a mãe de todas as ciências que dela decorrem. Sem ela a própria teologia inexistiria, a psicologia, sociologia, antropologia, enfim todas as ciências humanas da árvore do conhecimento.
Quem sabe, seja duvidar de todas as certezas incertas.
- Já tivemos um grande filósofo que disse... ‘Só sei que nada sei’. A dúvida é o primeiro caminho para obter-se o conhecimento pleno.
Quem sabe pode ser também promessa de lucidez.
- Aí se misturam a lucidez e a loucura. Há sabedoria e ignorância interagindo.
Ou será um mergulho na dimensão do viver?
- O pensamento sistemático e bem ordenado nos possibilitam esse mergulho maravilhoso do saber.
Mas também pode ser o desejo de desvendar à realidade.
- Penso que a realidade é o espelho do que antes pensamos e depois se é experimentado na prática, ou seja, a realidade não existe de ‘per si’... Mas como conseqüência do que antes foi intuído, sonhado e alcançado pelo poder da mente.
Será uma tentação para aliviar com respostas nossas angustias e ansiedades?
- É também, mas não só isso. O homem tem sede do saber desde o ‘genesis’ quando resolveu desfrutar do fruto proibido, contrariando a ordem divina para aproximar-se de Deus e ter o mesmo poder dele. A tentação nada mais é do que isso. Igualar-se a Deus, sentir-se com os mesmos poderes. É assim que a ciência avançou séculos consecutivos. Pelo menos esse é o meu pensamento, relembrando partes da história. Lembre-se quantos foram queimados vivos por discordarem do heliocentrismo (Galileu Galilei) de que o sol era o centro do universo e não a terra como queria a Santa Madre Igreja.
Será que filosofar é descobrir-se através do outro, criando sua própria perspectiva?
- É um tese interessante porque os anseios do ser humano são semelhantes na sua essência.
Ou será algum estimulo à reflexão, o investigar de idéias, de alheias influencias?
- Também! A reflexão é um ato do pensamento que busca ampliar o conhecimento.
“Só sei que nada sei...”isto é, será porque tudo muda a todo instante?
- Uma prova disso está que fizemos a mesma citação e olha que fui respondendo ao teu texto sem tê-lo lido antes por inteiro. Tudo muda mesmo a todo instante... O que de nós se vai no minuto seguinte a nós retorna e... Já sendo outro (minuto) ... Somos o mesmo de outrora... Como a dizer que a nós retorna conforme a própria lei do eterno retorno.
E essa mínima capacidade de entender a curto alcance, onde encontrar a paz como resposta?
Penso que essa ‘paz’ a qual você se refere, ela não tem resposta imediata, ela não é algo estanque, algo tangível... É uma proposta de longo alcance e não de curto alcance, portanto,
- Diria que impossível de se obter na sua totalidade... Como a própria felicidade. Não podemos segurá-la, dominá-la, possuí-la. Meu saudoso pai me dizia que existem ‘momentos de felicidade’ como há também ‘momentos de paz’ mas elas em si não são apreendidas na sua totalidade.
Filosofia é perguntar, o que é filosofia?
- Pode ser. Mas não é só isso porque ela possui múltiplas faces como a verdade. Pense mais ou menos assim... Eu mostro pra ti um livro e te pergunto. Você consegue ver este livro? E você me responde. Eu vejo! E eu te digo você vê apenas algumas faces, bordas dele. Ele tem múltiplas internas e externas.
A filosofia pode ser uma chuva agridoce de incertezas a banhar meu mundo de ilusão!
- Essa é uma resposta poética que você dá na sua compreensão e eu a respeito e me ponho
A refletir sobre ela.
Dueto: Lufague e Hilde