Sei
quanto dói sentir o vazio
quanto custa quebrar o arco
quanto pesa o tempo perdido
quanto vale uma partida adiada
Sei de cor a cor do tempo
que se esfuma entre sóis
como cópias sedentas da noite macia
que gritavam caladas dias rasgados
Sei o paladar de cada lágrima por verter
que em surda raiva nasceu queimando
Tenho na memória o eco de dias ocos
Singelas palavras vãs, encostadas ao luar
Tenho a vida a derramar
e outra mais para dar
Como tenho por receber
o que a vida há-de ser.
Entre sabores esquecidos vi mais além
Entre palavras por dizer desenhamos a vida
Entre dúvidas e acasos fomos seguros na passada
Entre eu e tu reinventamos o amor
Simples, singelos
Suficientes, abrangentes
Somos a soma de entregas abertas de nós
Somos a certeza de olhos rasos de luz
Somos o universo privado em renovação total
Sei quanto vale uma palavra e o peso que ela tem
Sei que o amor é leve e a liberdade também
Rui Santos