Dou por bem gasta
minha saliva
o verso realista
dos que sofrem na pele
a atrocidade da fome.
Dou por bem escritos
meus versos
quando apelam
à boa nutrição dos
que não têm o que comer.
Dou por acerto
meu poema
quando chama à realidade
realidade tão atroz
quando o seu fundamento é a fome.
No focinho da palavra
revejo meus versos
implorando
que olhem para as crianças
com olhos de ver.
Meu lamento é maior
quando não fazem causa
dos tormentos das
crianças que imploram
por um minuto de atenção.
Não durmo não como
porque meu organismo
não consente
e minha inteligência é
afrontada com a falta de pão.
Que as crianças sejam
protegidas do arrivismo
do Homem contra
os senhores da guerra
que levam os petizes à fome.
Para os terem de seu lado
crianças guerrilheiras
que não sabem da inocência
nem de sonhos
e uma cova é a sua casa.
Para quando esta falta
de impunidade dos senhores
dos países ricos
que fazem olhos mortos
ao que se passa ao seu redor.
Jorge Humberto
24/06/10