Luso-Poemas
 
Textos : 

chuvas a r.

 

. façam de conta que eu não estive cá .




nunca pensei no seu nome como uma ilha. sei hoje que todas as aves a ele vão dar por ter o peito em migalhas. às vezes penso-o como uma flor, esquecida noutra estação, talvez outono, junto ao outeiro com o caule a apodrecer. claramente o vejo flor sem hora. à espera que uma brisa forte o leve daqui para mais perto do sítio de cair. onde morrer. dias de chuva e r. sentado neles, com os pés dentro de nuvens de lágrimas, a boca semi-aberta a falar, numa outra língua, a língua do coração, a que atravessa o peito de um lado ao outro do corpo, sobe a garganta e surge do céu da boca, com um homem todo nela.





 
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Margarete
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o não barulho.
a que dói.
a segunda.
a pequena.
arma dura
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Uma simples flor...
Ventos de Solidão
Borboleta
sem número
asas de pássaro.
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onde se lê esperança deve ler-se agonia: território banal, delimitado e sempre longe.
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a primeira folha
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/06/2010 21:45  Atualizado: 24/06/2010 21:45
 Re: chuvas a r.
Se te quiser comentar, nem sei como.
Sei: gosto sempre.
bjs
nuno

Enviado por Tópico
Lana's
Publicado: 24/06/2010 21:58  Atualizado: 24/06/2010 21:58
Participativo
Usuário desde: 12/03/2010
Localidade: 00000000000
Mensagens: 27
 Re: chuvas a r.
"à espera que uma brisa forte o leve daqui para mais perto do sítio de cair. onde morrer." Adorei.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/06/2010 22:01  Atualizado: 24/06/2010 22:01
 Re: chuvas a r.
Esta série de pequenos (grandes textos), muito bons, a meu ver, é bem digna de figurar numa Antologia de Micro-Ficção.

DM

Enviado por Tópico
sampaiorego
Publicado: 24/06/2010 22:07  Atualizado: 24/06/2010 22:07
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2010
Localidade: algures virado para o mar com gaivotas
Mensagens: 1147
 Re: chuvas a r.
ainda bem que ando por aqui. nesta leitura sem fim. neste escrever que nunca esgota a liberdade de voar – descobrir as palavras que estão guardadas dentro de palavras simples que nos dás como se de um punhal fosse é voar – nos teus textos apetece-me sempre voar mais

beijo

sampaio(r)ego

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 24/06/2010 22:50  Atualizado: 24/06/2010 22:50
 Re: chuvas a r.
é. as tuas palavras cortam, rasgam e no entanto também são frágeis...é como o vidro, delicado, belo e cortante.

beijo

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 25/06/2010 00:41  Atualizado: 25/06/2010 00:41
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: chuvas a r. para mar
como é belo esse teu olhar.

beijo,minha mar.

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 25/06/2010 06:20  Atualizado: 25/06/2010 06:20
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: chuvas a r.
queria dizer-te lá fora o amor,
deixar-te, se bem me lembro melancolia
nas chuvas de r
sem esperança para o novo amanhecer
talvez a noite
no jardim onde se senta o corpo
o banco;
de nada trazia senão a benevolência
moldada na boca fechada
um cigarro fora.
numa cala,
uma menina aproxima-se e fala-me
com as mãos em meus ouvidos -embriagados
os ombros.
sentir a epiderme dos seus lábios.
sabendo ouvir os dedos brincarem no rosto.

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