V
Numa outra história. Numa outra versão. Disseram: "Ela morreu!". Nessa outra versão dessa outra história acrescentaram ainda que ele correu. Correu por ela. Por ele. Por eles…
Nessa outra história ela morreu e ele não chegou a tempo. Nessa outra história, que afinal acabaram por não contar, ele correu desesperadamente por Lisboa, ele gritou o nome dela em todas as ruas, em todos os paços, em todas as batidas de coração que ela deixou por dar na cama do hospital.
Nessa outra versão de uma mesma historiam diriam que se ele tivesse chegado a tempo ela teria sobrevivido. Mas ele não chegou a tempo; mas ela não resistiu à morte. Mas o mundo não acabou… Ela não sofreu. Morreu apenas; "Em paz.". Disseram-lhe só muito mais tarde: já ela tinha morrido e ele não tinha chegado a tempo…
Mas quem sofreu verdadeiramente foi ele. Sofreu por ele mesmo; por ela. Por eles! Sofreu no momento em que ela morreu. Sofreu no momento depois; e até muito antes! Antes de tudo isso… Sofreu por não ter chegado a tempo. Por no fundo não a ter salvado; ela: "Sua existência!". A sua metade de si, que já há muito era dela.
Para ele não ter chegado a tempo, foi como morrer também…
Nessa outra versão que nunca ninguém quis contar; ela morreu e ele nunca chegou a tempo. Ela morreu e ele ficou sem existência. Ela morreu e em seguida ele quis morrer também…
Sem ela; sua existência. Ele nunca existiu…
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