sinto os gritos lá fora,
ruidos de lobos perdidos,
sinto as almas penadas,
que desencarnam no umbral,
sinto a sua sede de luz,
vampiros em busca de sangue, carne, vida,
sinto as almas perdidas a chamarem o meu nome,
fujo deste mundo, fujo desta realidade,
encubro-me em céus que eu crio,
onde as almas penadas são os meus anjos,
são essas almas, onde moram todos,
os meus amores e desamores,
permaneço aqui, e lá fora...
ouço os gritos...
e volto a pegar na minha pena,
e encubrir o meu papiro,
de sumo de limão,
escondo os meus sentidos,
escondo os meus sentimentos,
não vais saber que te quero beijar,
não vais saber que te desejo,
no papiro escrito em folha imaculavelmente virgem.
E rasgo a folha...
odiando o sentimento, odiando o meu coraçao,
e refugio-me no umbral,
onde as almas perdidas,
cheias de anseios e dores,
perecebem-me tão bem...
alí sinto-me rodeado...
fugido da solidão da incompreensão,
de amar mais do que cabe no peito,
de sentir mais do que o nosso cérebro raciocina,
e apago as velas...
quero permanecer aqui bem escondido...
das anjas trovadoras que me acenam com seduções,
de sentidos e de carne,
de prazeres, e de platonicos...
fico aqui no chão frio...
as trevas são tão seguras...
viraram a minha torre de menagem,
à deusa...
que nunca virá...
Alexander the Poet