Pousado nos ramos morenos
de um salgueiro marreco de idade
um sonhador alisa as escamas
às asas crepusculares
que o levarão desta loucura
pelos ares moleiros da boa ventura,
até que o mar lhe regateie a alma
ou o amor lhe embale a vida errante
para um ninho redondo de rosais
e amores verdadeiros,
tão pureza, tão emocionados
à desfilada pela abóbada das ideias
que do lado de dentro de mim,
para lá do corpo carnal que a todos se mostra,
há um sonhador de papel que aguça as asas
e espera o luar ideal para salvar
os dois estames do seu viver louco
num naco de coisa nenhuma.