NOTAS DE UMA LIRA
Sua saudade não se foi, está sem a asa,
ainda continua aqui, alimentando a brasa
desde o escurecer, até a aurora.
Livrar dessa saudade, não vejo jeito,
parece que está plantada em meu peito,
se alimenta em alguém que chora.
Só vive em uma alma que suspira,
e quando ouve as notas de uma lira,
vem me avisar, que voce foi embora.
Sentimento que maltrata e castiga
que aos poucos, parece que me obriga,
a caminhar sempre ao lado da desventura.
Como se fosse, a geada matando um galho,
e eu já sei que o seu único trabalho,
será conduzir-me aos caminhos da loucura.
Um inimigo que está sempre oculto,
e não precisa mostrar-me seu vulto,
para lembrar de momentos de ternura.
Saudade, que traz-me preso numa corrente,
onde estou sendo vigiado por uma serpente,
que o meu mundo tão triste bem conhece.
Mas com ela, já aprendi a conviver,
ela sabe, que ainda não sei esquecer,
ela sabe, que meu coração não esquece.
Não vou elogiar aqui, a sua fúria bravia,
prefiro contar minha tristeza em poesia,
enquanto ela daqui, não desaparece.
GIL DE OLIVE