O transportador de mundos...
Cada paço custa cada vez mais;
O coração já pesa
E a amargura nem sequer existe.
Mundo sobre mundo;
Máscara sobre máscara
Tudo no mesmo saco de silêncio…
Já andei por tantas estradas,
Já me perdi em tantos labirintos…
Tantos rostos de mágoa;
E neles esqueci-me de como sorrir.
Rostos iguais ao meu
Que me fitam como a um estranho;
Nesses mundos negros por onde eu passei…
Nesses mundos fui homem e menino
Neles fitei coisas;
A que nenhum homem poderei contar.
Um rio feito de lágrimas
Que corria de uma montanha;
Nela vive um monstro negro
Acariciava um pássaro ferido
Nas suas grandes mãos;
"Esperança" chamava-lhe o monstro…
Era dócil a negra criatura;
E um menino lá em baixo afogando-se no rio;
Chamava por ele:
"Escuridão… Escuridão!"
Morreu o menino
Chamando por quem sabia amar.
E monstro que nem ligou;
Transfigurou-se então a sua face.
Nunca mais esquecerei esse momento
Por mais que o tempo me passe!
Essa escuridão com cara de menino.
Esse rosto igual ao meu…
Vi mundos e vi quem julguei ser eu;
E então vi-me mesmo a mim
E esse outro eu;
Fez-me uma questão
E eu não respondi…
"Quem sou e o que faço aqui?" …