Não expliques nada aos olhares do outro lado da rua. Nem tentes inventar razões para as ausências dos silêncios que tanto persigo.
As tábuas da casa rangem a cada passo teu, ao peso do corpo bruto ou ao teu olhar de fúria incontrolada.
Bate com a porta! Que também é de madeira maciça e range nas tuas costas…
Não batas mais no corpo que sofre ao teu lado! Que mastiga os sonhos acabados de uma infância ansiosa. Que na noite treme, por sentir evoluir os pesadelos do futuro, que cada manhã torna realidade.
Não! Já não tenho forças para fugir ou para bater com a porta!
Suplico-te: Bate a porta!