Que as luzes encobrem as tristezas da vida, Nos lençóis que adormecem a alma partida, Do serralheiro mecânico feito letras imortais, Não se vá Saramago! Não. O céu deixará de brilhar, A mais nobre constelação sideral portuguesa, Abrilhantada neste universo do além-mar.
Tu não vês que toda a tua pátria querida chora, E a abóbada lusitana relampeja nesta hora, Não vejas tu que a mãe língua portuguesa pranteia, Na despedida que agita as ondas do mar, Elevando o teu nome nas gigantescas alturas, Ó Saramago! Não se vá ao brilho das estrelas!
Ó Saramago! Tu não partiste sem dá adeus, Dos prantos que solavanca agora os continentes, Marcado na cultura de toda a nossa humanidade, Das gotas que caem de cada olhar do céu turvo, Não se vá Saramago! Não. O céu deixará de brilhar, Nesta aprazada lâmpada que se acende com tormentos.
E faz do silencio, magoada a falta da brisa e lamentos, Ó Portugal! Ó Lusitana! Reis dos mares do grande Atlântico! Não deixeis tu, que leve aos céus agora o nobre filho lusitano, Suplico que arrebentas com tuas colossais ondas de mar aberto, E que tu tragas nosso irmão poeta e escritor ao chão português, A mais altiva constelação sideral portuguesa do nosso além-mar.