Tal como o brilho que se toca na pele manchada,
como o suor frio que se esvaí na ferrugem cor de cobre,
como a folhagem que esvoaça no vento lento,
como um vómito vibrante em vestes de carmim,
como alguém que chora numa soleira pendente,
numa porta entreaberta,
que espera pelo fim do sufoco e do morrer do sangue.
Tal como pães que se multiplicam,
que se chamam de vida sacra,
ajustada pelos vendilhões de almas cansadas.
Tal como horizontes crispados, sujeitos à demora das mãos pelo corpo morto,
das raízes sedentas de prazer fácil,
das ruínas obscurecidas, nas entranhas do teu sexo.
Seja tudo tal como eu,
uma alma que vagueia,
que se liberta da voz que dói,
que se lamenta e transmigra,
se rejuvenesce e não se amedronta.