Uma antiga mania
me traz a lembrança
cantigas, trovas e melodias
de um tempo presente
na espiral de minha história
falam de andanças, mudanças e esperanças
sussurram feito água
de um remanso ou igarapé...
Esta mania de assoviar
como a imitar o ruído prazeroso da brisa
que da montanha descia para o vale onde nasci
como a quebrar o silêncio na noite fria
vendo o ar expirado,
desenhar figuras no vento
contemplando a energia que chega,
ventila, flui e se deixa exalar...
Nestes tempos de mudanças
de convívios, bálsamos e alívios,
de correntes, frentes e mentes,
eis que redescubro o assovio,
quando ao cair da tarde,
mansamente ao crepúsculo,
vejo o sol que me ilumina
em todos os meus dias.
Percebo que tenho o privilégio
de poder participar
desta grande festa cósmica,
e nela irmanar-me
como um minúsculo grão de areia em meio
a multiplicidade e diversidade de seres,
capazes de imantar-me, e me transmitirem paz,
harmonia e solidariedade,
Sinto que em meio a eles posso em mais um ano,
dar nova volta na espiral do tempo, interromper
o assovio, e estar receptivo ao sopro vital
que vem dessa vibrante gente humana...
Esta energia para seguir tocando em frente,
em busca de minha evolução espiritual somente
possível por existirem outros elos desta corrente cósmica que nos mantém vivos, estes elos são as pessoas
de nossa vida de relação...
AjAraújo, o poeta humanista, escrito em janeiro de 2004.