Veleiro das brumas
Abre-se
Per orla da sereia, escarlate
Digo a Rota, digo Aquela
As suas escamas felpudas dizem-na
E digo-te, Infante
São reflexos soltos pelos teus sonhos
Coleccionados na correnteza da saudade
Digo-te
Há fumo nessa alma e uma carta negada
E num sol te perdes
E a deixas queimar
Ajoelhado sobre os espinhos…
Há seiva sangrada
Palavras dum Infante embargado
De mancha
De papel
De voz
Miragens onde ela te corre e asa
Pelos claustros desse palácio
Onde só ela sabe dizer tanto mar
«Antes teor que teorema, vê lá se além de poeta és tu poema»
Agostinho da Silva