O ano era 1955 estava com 12 anos, aconteceu um fato que jamais esqueci. No colégio em que estudava, tinha um grupo de meninos que viviam aprontando em sala de aula, viviam sendo suspensos pela diretora, Dona Doroteia, coitada toda semana tinha que mandar chamar pai de um deles. Os garotos se chamavam Luis, Carlos e Renato, eu me chamo Eduardo não fazia parte do grupo, apesar de me dar bem com os três, eles sabiam que não gostava de arrumar confusão por isso não me chamava para as traquinagens que aprontavam. Eles eram terríveis me lembro como se fosse hoje, às vezes olho meus netos e vejo que eles são anjo perto daqueles meninos. Certo dia entrou um menino novo no colégio, chamado Paulinho tinha vindo de outra cidade, pois seu pai era militar, eu sabia como era bem isso, também troquei muito de colégio por causa deste motivo, ainda bem que nunca me dava mal nos estudos, até porque corria atrás do prejuízo. Esse menino começou a querer a andar junto com três meninos, tinha uma coisa para entrar no grupo ele tinha que cumprir uma prova, uma pequena brincadeira como eles falavam.
___ O que tenho que fazer então? – pergunta Paulinho ao chefe do grupo que era o Luis.
___ Nada de mais, vai ser somente uma brincadeira.
___ Que tipo de brincadeira?
Carlos e Renato se olham sem entender o que se passava na cabeça de Luis, esperavam para ver o que ia dar aquela conversa.
___ Você vai ter que mostrar que é corajoso.
___Tudo bem o que tenho que fazer?
___ Ir até o cemitério e pregar um prego numa lapide, à noite.
___ Ir ao cemitério a noite para por um prego num tumulo, mais que brincadeira e esta?
___ E pegar ou lagar você é que sabe, só entra no nosso grupo se fizer isso.
Os outros dois meninos ficaram assustados e não estavam acreditando que Luis estava impondo uma prova desta ao garoto, pois era uma brincadeira de muito mau gosto, um dos meninos tentou fazer que Luis mudasse a prova, mais ele não ouviu. Paulinho como queria muito entrar para o grupo aceitou.
___ Então esta certo, amanhã nos iremos depois da aula ver se você cumpriu a prova, esperamos você na aula amanhã ok!
___ Certo, pode ser em qualquer um?
___Procure o tumulo do Jose Soares você vai logo achar ele fica do lado esquerdo da capela vai logo ver e o mais bonito e suntuoso.
___ Ok! Até amanhã.
Paulinho foi embora para casa, pois tinha que dar um jeito de poder sair à noite, só não podia falar para seus pais o que ia fazer. Os três meninos foram para casa, Luis foi falando que achava que ele não teria coragem de ir ao cemitério os outros dois concordaram. Paulinho deixou os pais dormirem e saiu na calada da noite, devia ser quase meia-noite quando chegou à porta do cemitério, estava uma noite fria e chuvosa, portão naquela época ficava aberto, ele entrou devagar, não queria chamar atenção do coveiro que morava numa casa nos fundos. Tremia já nem sabia mais se era de frio ou de medo mesmo, pois se assustava até com o assobiar do vento, era uma noite muito sinistra com a chuva e o vento ficava mais assustador, corujas piando que o deixava arrepiado até a alma, quando chegou perto do tumulo, não pensou duas vezes tratou logo de pregar o prego na cruz, pois queria terminar com aquela tarefa e sair logo dali.
Ao se virar para sair sentiu sendo puxado, ele apavorado começou a chorar nervoso, pois não conseguia sair do lugar. O dia clareou os três foram para escola normalmente, assistiram às aulas e até comentaram entre eles, sobre a falta de Paulinho, quando eles estavam saindo foram chamados pela diretora, ela queria saber se eles sabiam de Paulinho, pois estavam juntos no dia anterior, e explica que Paulinho sai de casa a noite sem que os pais soubessem e não tinha voltado até àquela hora e a família estava preocupada.
Os meninos assustados resolveram contar para a diretora sobre a brincadeira que fizeram com ele, furiosa da uma bronca nos três, eles assustados foram com ela falar com a família e todos foram procurar saber se o menino tinha ido ao cemitério. Quando chegaram ao local marcado encontraram Paulinho caído sobre o tumulo. Infelizmente Paulinho prendeu a própria roupa e não percebeu quando tentou sair não conseguiu e assustado pensou que tinha uma alma penada segurando ele, o menino teve um ataque fulminante, por causa do susto. Os três meninos nunca mais foram os mesmo mudaram radicalmente depois desta brincadeira. Acredito que até hoje eles devem se arrepender da brincadeira que fizeram com o pobre do Paulinho, sempre falei aos meus filhos e falo aos meus netos:
___ Não se deve brincar com coisa séria, principalmente em local sagrado.
Gio Villar