Sou louca! Já disse isso varias vezes diante do espelho de modo taxativo... Despenteando-me inteira, me torno mais cruel do que eu imagino ser... Como poderia desmanchar o penteado feito tão religiosamente para agradar a sociedade que espera em mim, uma profissional bem sucedida, uma mulher emocionalmente equilibrada com sua pasta executiva de couro, uma fantástica e exemplar dama com sua pasta a base do sofrimento de uma vaquinha que nasceu para ser livre. Estupidamente alegre, dando risadas de meu visual, me deleito na imaginação da cara enrugada de meu chefe, me vendo chegar com a mesma pasta detestável, o scarpin de salto agulha e meus cabelos totalmente castanhos e desconfigurados... Ah, como queria desagradar hoje a humanidade para dizer que sou livre e que vivo em um mundo totalmente independente quando a porta de minha casa se fecha e se inicia a privacidade. Escuto seus sons... Privacidade... Ela traz solidão junto com o contentamento... Talvez eu goste de estar só; talvez reclame muito porque ainda sou mimada, fiz todas as minhas vontades para garantir a minha mãe quando morreu que eu continuaria em minha missão de não me contrariar, este é meu porto-seguro; a raiz de minha imaturidade... meu disfarce de criança órfão que não quer abandonar sua zona de conforto.
Espero fazer amizades; trocar palavras, sentimentos e sentidos para uma nova vida que se desponta a cada novo recado ou cada novas descobertas... Sejam bem vindos!
Adriana Vargas