Tenho uma mão cheia de nada
na outra o Mundo e tudo o que
nela cabe,
saber atender às duas
é esforço que não me nego.
Quando passo por mim indolente
tenho as mãos vazias
com grãos de areia a esvair-se
por entre os meus dedos
caindo a meus pés insolentes.
Se por mim passo e vou contente
tudo que há na Terra é meu
e não lembra a quem esqueceu
os momentos de pura
difamação e apatia.
Deito meu corpo cansado à
beira rio
fecho os olhos ao sol que me dá
defronte e todo o vermelho
é meu e em mim adormeceu.
Sou um pequeno vagabundo
calçando estradas e o que não há
se de mim foge o sonho
calcorreio caminhos
procurando quem lá está.
E vou daqui para outra parte
procurando o meu reverso
se em mim é e cabe
sou rei em terra de cegos
e sou talvez controverso.
Na orla do rio sou poeta
no mar ao largo o que houver
se me tento disciplinar
não sou aprumo nem regra
e resguardo o que lá couber.
Jorge Humberto
12/06/10