Em um céu azul de azuis infinitos
escrevo meu poema à beira-rio
aqui não há lugar a proscritos
enquanto a vela queima de fio a pavio.
Minha pena discorre sem parar
na folha alva à sujeição
o que eu queria era não acordar
e deste sonho não ter mão.
Mas o sonho é pequeno para mim
e meu pensamento a revoltar-se
cria jardins de sândalos e jasmim
e tudo o mais que não queira olvidar-se.
Penso como quem respira não há ilusão
que restrinja o seu apogeu
e se hás vezes fala a voz do coração
é porque é mais forte do que eu.
Vou pela natureza a vaguear dolente paz
que não é minha mas me pega pela mão
quando aqui tudo aquilo que é capaz
é fruto de uma qualquer frustração.
E estou em mim e não sou eu
carrinho de rodas que roda sem parar
só a palavra etérea me comprometeu
só eu sou capaz de aqui criar.
Meu poema é findo e seu fundamento
qualquer coisa me diz alegada poesia
e eu vou por mim como num entretimento
a chamar às noites amanhecido dia.
Jorge Humberto
11/06/10