Contos : 

VIAGEM NO TEMPO (Cap. II)

 

(Previsão para o ano 2060)



Sobrevoada Toledo o aludido sexto sentido (Previus) sugere-nos uma pronta passagem por Lisboa, onde assistimos ao Regicídio e logo ao fim da Monarquia. Não perdemos tempo, já que este é medido ao milímetro, e pomo-nos na peugada do século XIX. Aqui presenciamos cenários de interesse a nível nacional, nomeadamente as Constituintes e a revolta da Maria da Fonte, a convenção de Évora-Monte e reconhecemos figuras de vulto sobretudo no campo das letras.
A nação Francesa e os acontecimentos que aí decorrem nos fins do século XVIII levam-nos a apontar a nave para aquele tempo e espaço. Como é fácil de entender as nossas deslocações são aleatórias, ora num sentido ora no outro, sem que isso tenha significado no nosso percurso que acima de tudo envolve não a área do Espaço, mas bem mais ambiciosa e significativa, a do Tempo. Isto para boa compreensão do nosso relato. É assim que assistimos à tomada da Bastilha, à decapitação dos reis de França e ao eclodir da revolução francesa e subsequentes campanhas Napoleónicas de que o nosso país não tardaria a sofrer consequências.
É por esta altura que nos confrontamos com algumas dificuldades devidas sobretudo à evolução do idioma Francês, desajustado àquele que aprendemos no nosso tempo. Mas lá fomos ultrapassando as situações designadamente em termos de vestuário, mas que não nos ilibou de um certo ridículo em diversas situações, chegando a privar-nos de contactos para evitarmos contratempos.
Nesta estada em Paris que se revestia de particular interesse, aconteceram imprevistos, alguns a roçarem o picaresco. Acontecia por vezes algum de nós esquecer-se de desligar o sistema de desmaterialização, o que o colocava numa situação de invisibilidade, para aqueles com quem se cruzava. Foi assim que quando atravessávamos o Pigalle, o Norberto apanhar um grande encontrão de um cavalheiro que vinha em sentido contrário e que se mostrou deveras confuso por não ver o que é que o tenha abalroado , mas lá seguiu o seu caminho a vociferar, a interrogar-se, decerto com os seus fantasmas. Situações como esta foram de resto frequentes e até desconcertantes, e de que francamente tiramos todo o partido.
Por esta altura, visionando a curta distancia o reinado de Luís XV, concordamos não ser prudente mais este pequeno salto no sentido do passado.
Todos os recursos e nomeadamente combustível nuclear aconselham ao regresso, uma vez que um contratempo desta natureza poderia implicar uma paragem sem retorno, de que podemos imaginar as consequências: uma morte lenta no Espaço...

(continua)

 
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luciusantonius
 
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Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 18/06/2010 17:55  Atualizado: 18/06/2010 17:55
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 Re: VIAGEM NO TEMPO (Cap. II)
Uma sucessão de imagens que se avistam daqui, num espaço-tempo, que se vai reformulando, mesmo que aleatoriamente aos nossos olhos e se esfuma numa viagem imagética e profunda.

Este é uma viagem que apraz seguir

Abraço

Dolores Marques