Vago ao vento nas ventanias constantes
Onde vejo voarem as flores e os desejos já distantes
Pois só restaram as saudades do amor que tinhas antes
Quando davas-me sorrisos que pareciam diamantes
Hoje restam-me os sonhos de que tudo volta a ser como antes
Onde as vidas eram calmas e o amores alucinantes
Mas o tempo mudou tudo e hoje sou ti um mero amante
Buscando por alguns momentos teu olhar que é distante
E que corta-me o peito como um instrumento cortante
Para cortarem-se os vidros como vija de diamante
Onde não ficam arranhões só cortes dilacerantes
Que retalham-me a alma e estilhaçam minha calma
Com seus cortes tão constante, fazendo-me de mim
Pedaços do homem de antes, que picado como guisado
Vive de olhos encharcados pelas lembranças do passado
Que não morre em meu semblante, e encharcam-me a alma
Que no álcool procura a calma, no buteko dos errantes
Onde choram abraçados, os bêbados apaixonados
Pelo amor hoje distante, do qual compõem seus poemas
Em papéis velhos amassados, e por lágrimas encharcados
Dos prantos seus que caem, e a os quais depois de escreverem saem
Cambaleando pelas ruas, cantando músicas tristes e relembrando as amadas suas
Luciano Ebeling Fonseca