O Cavalo de Fogo
Jorge Linhaça
Há tempos e tempos atrás, num lugar já esquecido
Surgiu um cavalo veloz, pelas chamas envolvido
Olhos rubros como a brasa; uma crina flamejante;
Patas que tudo queimavam; movia-se num instante
Ficou sendo conhecido, como o Cavalo de Fogo
Nas noites escuras corria, depois sumia de novo
Sua visão assustava a quem com ele se encontrasse
Mas ao bom nada fazia, a não ser que o atacasse.
Porém aos maus perseguia sem tréguas e sem temor
Contra eles investia inspirando-lhes horror
Não havia quem soubesse, de onde ele apareceu
Muitas lendas se criaram; só uma sobreviveu
Tempos antes existia, naquela localidade
Uma selvagem manada, que vivia em liberdade
Mas o mal ambicioso, chamado de ser humano
Um a um, aos animais, ia prendendo ou matando
Como ao líder das manada,não conseguiam prender
Fizeram lei decretada: Ele devia morrer!
Cercaram pois o corcel, ao centro d''uma ravina
Não tinha como fugir, nem pra baixo e nem pra címa
Era tempo de estio, a erva seca o cercava
Atearam fogo à ravina, e a chama se espalhava
O corcel tentou correr, mas não havia saída
A sorte estava lançada, sua sina decidida
Foi quando que, num repente, a magia aconteceu,
O fogo que o cercava, ao seu corpo envolveu
Mas não lhe fez mal algum, com o corcel se fundiu
E do Cavalo de Fogo, a bela lenda surgiu
Os homens que o cercavam, fugiram em disparada
E o cavalo os perseguiu pelos campos e estrada
Ninguém soube seu destino, nenhum mais apareceu
Dizem que um tal Belarmino, daquilo se arrependeu
E foi viver solitário, num recanto esquecido
Cuidando da natureza, reparando o mal vivido
Já o Cavalo de Fogo, após cumprida a missão
Para os ceús alçou seu vôo e virou constelação
É por isso, amiguinhos, que é preciso ter cuidado
Seguir sempre o bom caminho, não fazer nada errado
Pois a vida tem surpresas, muitas voltas ela dá
E quem o mal hoje faz, amanhã o encontrará.
Mas quem sempre faz o bem, pouco tem o que temer
Pois mesmo que hoje sofra, amanhã irá vencer
Arandú, 1 de junho de 2010
12:51