Poemas : 

Leituras 10 – António MR Martins

 
Escolhi como número dez desta minha série de autores que se movimentam no Luso-Poemas, António MR Martins e o motivo é somente este: foi o autor que me fez olhar para a poesia de uma forma bem distinta daquela que eu descobri nos livros e que assumi como minha.

Não possuo formação superior em Literatura e tudo o que pretensamente sei, ou penso que sei, embora o pretensamente já diga algo, descobri-o através de leituras e do que em mim, pelo gosto de polemicar sobre tudo e mais alguma coisa, foi adquirindo a forma de uma aproximação de verdade, de resposta às minhas próprias questões.

Pois bem, após muitos anos de pesquisa e íntima inquirição, eis-me com um problema: por que se gosta de algo que não coincide com a definição de arte, tal como, aliás, a defini, em traços gerais, naturalmente, na referência a Domingos da Mota?

Demorei algum tempo a descobri-lo. António MR Martins proporcionou-me essa nova forma de olhar para o fazer poético, porque este autor, e nem necessito de mencionar os diversos palcos temáticos por onde se movimenta, os quais são múltiplos, variegados e ricos, com imagens que nos surpreendem e despertam em nós a tal emotividade, mas porque me soube dizer, através da sua leitura, de uma outra forma de cantar.

Esse cantar, que é pródigo em António MR Martins, configura-se no cantar da minhas recordações de infância, dos tempos em que desejava que rapidamente chegassem as férias de verão e fosse para a aldeia de Serpins, na Lousã, para escutar o rumor das águas, rumor esse que me assaltou, de novo, já na dita idade adulta, numa outra aldeia, Alvarenga, no concelho de Arouca, onde o Rego do Boi, que levava as águas aos campos, e onde nasceram as anotações que levaram à construção do “O guardador das águas”, que recebeu o Prémio de Poesia Vítor Matos e Sá, do Conselho Científico da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no ano de 2004.

Fica, por esse motivo, aqui, não só o agradecimento por ter feito mudar a minha concepção de poesia, mas sobretudo por me ter permitido entrar, sem preconceitos, na leituras de muitos outros autores, os tais que não seguem o cânone ou que subvertem o cânone, mas eu sei do porquê de essa subversão.

Quem consegue efectuar uma alteração destas num casmurro como eu merece, da minha parte, não a consideração pessoal, que essa nada tem que ver com estes comentários, mas a certeza, aquela certeza que o Rui Knopfli escreveu: "só os poetas têm lembranças do futuro".

Xavier Zarco

 
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Xavier_Zarco
 
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Enviado por Tópico
gallyleus
Publicado: 08/06/2010 06:37  Atualizado: 08/06/2010 06:37
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 Re: Leituras 10 – António MR Martins
As descobertas astronómicas com o uso da luneta do camarada Zarquista, despe a mostra do seu minúsculo laico. a maneira como expõe dá-lhe o estatuto do bolso vazio e ego na amargura.


Enviado por Tópico
Martiniana
Publicado: 08/06/2010 21:22  Atualizado: 08/06/2010 21:22
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 Re: Leituras 10 – António MR Martins
Camarada Xavier Zarco

Quero apenas sublinhar que o serviço que está a prestar neste site, não tenho dúvidas que é objecto do reconhecimento da generalidade dos usuários. A sua intervenção tem sido muito oportuna, pelo saber que demonstra e pela dignidade com que o transmite. Para além do mais ajuda-nos a reconhecermos autores que nos passavam despercebidos.
Prossiga com o seu trabalho de mestre.

Cordiais saudações
Martiniana

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 08/06/2010 21:32  Atualizado: 08/06/2010 21:32
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 Re: Leituras 10 – António MR Martins
Xavier,
O António Martins foi o primeiro poeta da Luso Poemas que conheci, aquando do lançamento do seu primeiro livro "Ser Poeta".
A poesia flui nele naturalmente e utiliza-a também em forma de crítica social.
Um poeta e amigo por quem nutro grande apreço.
Um beijo aos dois
Nanda

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/06/2010 07:00  Atualizado: 19/06/2010 07:00
 Re: Leituras 10 – António MR Martins para Xavier Zarco
O António é para mim um senhor das palavras!
constrói a sua escrita quase como respira e sinto a sua escrita como sinto e conheço o seu carácter. afável, correcto, sensível e sentido!

Para além do escritor, o Homem e o amigo que eu me orgulho de ter

Beijo ao António