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hoje desenhei uma história dentro de mim

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


um dia vou escrever uma história em livro. com capa de pele de um mamute da sibéria. fechará com um dente de marfim de um seu parente africano – as páginas de trapos e fibras vegetais terão castelos. armaduras. lanças. túneis. portas falsas. esconderijos. armadilhas. terá tudo o que é importante para fazer um livro de imagens. até fantasmas antigos para mostrar que em tempos o castelo teve vida – dentro. haverá também um hall com umas escadas imponentes que sobem para lá da imaginação. rodeadas de fotos de gente que um dia foi importante – terminarão numa torre de tortura a norte – na porta. gravado a fogo. anuncia que em tempos ali viveu uma gaivota sem sorte - no começo das escadas. um pedestal em madeira de sucupira. sustenta um pote da china da dinastia de ming – no seu interior. um mapa rasgado num pedaço de linho retirado do sarcófago da rainha do egipto. cleópatra – as palavras. desenho-as a carvão. roubei do museu de história natural de nova york. uma tocha de um australopiteco que ainda tinha na ponta a descoberta do fogo – enrolo este pano. que afinal era um pergaminho num osso de um dinossauro. e que no tempo dele substituía as gaivotas. pterossauro. significa lagarto com asas – como todos os documentos importantes. têm que ser lacrados. vou buscar uma madeixa de cabelo. que um dia pensei usar apenas para distinguir a cor do passado. e queimo-o – perco para sempre a esperança de um dia voltar a pegar na pureza – agora. restará apenas o meu tesouro imaginário. os corsários negros que inventei para esta história não querem saber das palavras – disse-lhes que dentro tinha uma fonte de vida eterna. e que quem bebesse dela ficaria para sempre a viver no mar – responderam-me que estavam fartos de pilhar sonhadores. pediram-me em troca uma viagem ao pólo norte. nunca viram a neve. e têm o corpo queimado do sal do mar – desisti. guardei o livro e as marcas com um “X”. que deveriam ser tesouros. são apenas rochas viradas para o mar. onde as gaivotas acasalam para sempre com ventos de feição.
 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
arfemo
Publicado: 07/06/2010 20:09  Atualizado: 07/06/2010 20:09
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 Re: hoje desenhei uma história dentro de mim
um dia, os livros valerão o que valem os gestos... e as tuas histórias circularão porque dentro de ti está a razão (de ser e do gesto...)

abraço amigo


Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 07/06/2010 20:11  Atualizado: 07/06/2010 20:11
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 Re: hoje desenhei uma história dentro de mim para sampaio


apenas?
tanto....

ainda bem que não desististe de ao menos "desenhar esta história" dentro de ti e de a pores por palavras aqui.
é fantástica.
beijo
alex


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 07/06/2010 20:56  Atualizado: 07/06/2010 20:56
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Localidade: braga.
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 hoje desenhei uma história dentro de mim ao sampaio
eu às vezes desenho histórias. outras vezes desenho nadas. acredito na simplicidade dos nadas. acredito em ti. acredito nas gaivotas e sobretudo no mar.

obrigada por partilhares comigo estes momentos.
um bom livro.

um beijo,
mar