Sopro-te, palavra fresca nesta manhã clara de retórica. É neste artifício de vivencia que imploro o poema, zangada com o sentimento que teima em ficar. Rastejas em frases libidinosas que em festas suaves tocam a minha pele deixando-a manchada de ti. Não te eleves só, não te eleves muda. Deixa que a tua voz me embale nos dias frios e cinzentos dos meus sonhos. A voz, que sai das tuas mãos, é o sol que procuro, como um girassol amarelo e ansioso. E a terra húmida dos pingos de amor que se soltam dos poemas, alimentam a alma e regeneram as memórias.
Sopro-te, palavra morna nesta tarde de desejo. É nesta vontade de viver que imploro o calor do teu corpo. Deixando as folhas em branco e ocupando-me na escrita da tua pele, cada traço, cada ruga, cada silêncio. Não te eleves só, leva-me contigo ao cume do prazer. Murmura-me os sonhos e faz-te nuvem no céu da minha boca. Humedece as minhas coxas e deixa o momento fazer memórias para podermos recordar.
Sopro-te, palavra quente nesta noite de prazer. É neste orgasmo da vida que imploro que não pares. Que escrevas até ao fim o romance de nós dois em cada pedaço de nós suado e quente. Traz-me à terra em teu abraço e deixa que a minha alma ferva para que sinta o teu calor, até à próxima vez.