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sobre a morte de r.

 


. façam de conta que eu não estive cá .







diziam-me de um nome que nascia no interior das veias para fugir à pele. diziam-me que assim se chamava por chorar todas as noites com os pés dentro do abismo. não sei. às vezes via-a do interior da ferida a transformar em sal os glóbulos semimortos. tu nasceste onde o desespero se despe, no lugar de ser preciso o abraço - meter os braços no peito e envolver o coração. muitas vezes tentei alcançar-te, chamar-te pelo nome que me diziam, não ouviste ou não era teu. sempre te quis dizer do medo que ela tinha de fugir, que a dor cabia-lhe no interior do corpo, assentava-lhe bem. talvez depois conseguisses perceber o tempo certo de amá-la, como quem quer do mundo o que de melhor ele tem.






 
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Margarete
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Enviado por Tópico
sampaiorego
Publicado: 06/06/2010 23:25  Atualizado: 06/06/2010 23:25
Membro de honra
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Localidade: algures virado para o mar com gaivotas
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 Re: sobre a morte de r.
diz-me mar. porque nascemos com a morte nos olhos – muitas vezes acredito que para lá da morte está a verdadeira ciência – só assim compreendo que esse chamamento não largue as trevas . descobri um caminho dentro das noites que abre a dor. olho-a por dentro. esquartejo-a e disseco cada bocado com o bisturi do olhar – falo-lhe de mim. pelo menos de uma parte – tento dormir

beijo

sampaio(r)ego

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 06/06/2010 23:56  Atualizado: 06/06/2010 23:56
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Localidade: guimarães
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 Re: sobre a morte de r. para mar
"talvez depois conseguisses perceber o tempo certo de amá-la, como quem quer do mundo o que de melhor ele tem."

mas esse "tempo certo" às vezes nunca vem e nunca entendemos porquê.não entender é às vezes a pior parte.mas o amor e a falta dele,não foram feitos para ser entendidos.apenas aceites.apenas sentidos.

a tua escrita abraça-me sempre,mar.

beijo

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 09/06/2010 04:41  Atualizado: 09/06/2010 04:41
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: sobre a morte de r.
nunca quis realmente falar-te sobre o que sou,sobre mim.
sempre esperei que alguém me matasse o coração numa nua concha fechada às intempéries familiares da vida nómada.
sempre pensei desta forma.
caminhar num plano que atravessasse as cidades e depois os campos entre as flores.no final queria chegar até ti.as ruas são a imensidão das bocas que matamos abandonadas.a noite é um espantalho que nunca devemos matar.matamos o amor.escrevo-te pelos os cabelos que ontem cortei.cortei as veias também.é este o desejo que tenho.é de sangue este desejo que tenho.como uma maça comida que desperta a dor.