Estou feliz! Oh como estou feliz!
Então não querem lá ver que tive a sorte de ganhar uma pequena fortuna ( quando digo uma pequena fortuna, não é bem assim, mas os ricos quanto mais têm, mais querem ter) e dizia eu, foi uma festa cá em casa,
Amigos, jantarada, orquestra privada ( eu não me privei) bailarico, mulheres loucas pelo meu livro de cheques, eu sei lá.
Com a minha esposa fomos fazer uma viagem de nozes, que não tínhamos feito antes por falta de meios, a não ser quando íamos a casa de uns amigos que tinham nogueiras, só íamos no momento em que as podíamos colher.
Tudo corria pelo melhor, as festas eram praticamente todos os dias.
A minha esposa ia duas vezes por dia ao instituto de beleza, pois que o que ela fazia pela manhã,
ao meio dia o tempo de validade tinha terminado e então lá ia à tardinha ao instituto, assim ao aproximar da noite e quando íamos para a cama, com a luz acesa, ela não me fazia medo.
Certo dia fui a Lisboa, sozinho.
Ela tinha ficado em casa a controlar a mulher a dias, coisa que sabíamos que existiam, mas para nós era um animal doméstico raro (sem ofensa para as mulheres a dias que ganham honestamente a sua vida a aturar os novos ricos) mas dizia eu fui a Lisboa, cidade que não conhecia, morava longe, sempre era, 5 quilómetros a pé, mas no carro que aluguei com “chauffeur” privado e tudo, até me pareceu que o carro nem sequer tinha o motor a trabalhar e já tinha chegado
Várias vezes, antes de sermos ricos, dizia à minha mulher:
-Porque é que não vamos até Lisboa? São cinco quilómetros, ora se somos dois, são só dois quilómetros e meio a a cada um. Não! Nunca esteve de acordo para não gastar a sola dos sapatos.
Mas lá fui até Lisboa.
Maldita a hora em que tomei tal decisão.
Como não conhecia Lisboa, dei uma volta e vi, Braço de Prata. Braço de Prata.... não me interessa.
Fui até ao centro, de Lisboa, claro está, e vi a Rua Augusta.
Mas eu não sabia que a minha vizinha Augusta era rica!... tem uma rua em Lisboa e nunca disse nada a ninguém, mas que cinismo!
Alguns metros mais longe, encontrei a Rua do Ouro.
-Ora aí está, estou com a minha gente.
Encontrei-me de frente a uma ourivesaria. Entrei, apreciei as jóias . Comprei um relógio em ouro,
(não sabia ler as horas, mas não tinha importância) uma pulseira, uma corrente para por ao pescoço da minha esposa, mas atenção, não em ferro, em ouro, nada de confusões e perguntei à senhora quanto era que ela me levava para me fazer um broche como eu queria.
-Um broche assim, com todo esse tamanho., vai-lhe custar 5000 euros.
Visto a minha fortuna, aquilo não era nada, eu sei bem que há broches mais baratos, mas são em fantasia, não me tomem por um ignorante.
-E quando é que eu posso voltar?
-Dentro de oito dias, disse a empregada.
Contente de mim mesmo, disse ao“chauffeur”, voltamos para casa.
E assim foi. Chegado a casa, contei à minha esposa o que tinha visto e que tinha que voltar dentro de oito dias, pois que uma menina muito bonita, vai-me fazer um broche.
Resultado. A minha esposa pediu o divorcio alegando infelidade e ainda hoje não compreendo o porquê.
A. da fonseca