Leituras 5 - Júlio Saraiva

Olá, Xavier.

Tenho acompanhado, com grande interesse, estes teus textos dedicados ao que por aqui se lê (e se escreve), embora não tenha comentado nenhum dos anteriores. Neste, faço-o, não pelo visado, mas porque acho que é de louvar esta tua iniciativa de expressar e partilhar opiniões sobre o que de melhor existe neste recanto e, como dizes num comentário que li, algures por ai: "O pior que pode acontecer a quem escreve é a indiferença."
Quero apenas deixar aqui registado, o meu agradecimento e a certeza que, da minha parte, não existe indiferença, embora às vezes me faltem as palavras de incentivo.

Grande abraço.

acho que agarraste bem a escrita do julio na tua análise,em vários aspectos.
para mim o julio é um Poeta já feito.dos poucos que por aqui andam.e é difícil definir porquê.tão difícil como definir o que é a poesia.há no que ele escreve (e no que deixa por escrever,nas pausas,nos silêncios,nas omissões) aquele toque de magia que ,por muitas palavras que usemos, nunca conseguiremos descrever inteiramente.a poesia é nesse aspecto assim um pouco como o amor:inexplicável.
profundamente humana ,comovente,despretensiosa mas grande,dorida mas também graciosa,coloquial,muitas vezes negra,assente numa larga , profunda e dura experiência de vida e num conhecimento e amor genuínos pela literatura e pelas pessoas, fruto de uma sensibilidade incomum,de uns olhos muito especiais...é assim a poesia que este senhor nos dá e que eu agradeço todos os dias.

alex

Xavier,
O Júlio é um veterano e tem nome feito. Ele sabe que me faz bem lê-lo.
Um beijo aos dois
Nanda

Tenho lido com atenção todas as recensões sobre os poetas até agora apresentados: Margarete, José Ilídio Torres, Henrique Pedro, Egéria, e agora, Júlio Saraiva. Com excepção de Egéria, acompanho todos os outros, lendo quase todos os seus textos aqui publicados. E depois de procurar os de Egéria, lamento bem a minha distracção, pois são dignos de uma leitura cuidada.
E os respectivos retratos de leitura que o Xavier Zarco nos apresenta sobre cada um destes poetas, são como que uma sinopse dos autores, competindo a cada um dos leitores seguir as suas ricas passadas ou abrir outras janelas de possibilidades de leitura para as obras de cada um.
Aos poetas, o meu agradecimento pela sua partilha.
Ao Júlio Saraiva, o meu obrigado por, além da partilha dos seus textos, me ter indicado algumas fontes de leitura neste espaço.
Ao Xavier Zarco, o meu incentivo por me abrir outras perspectivas hermenêuticas, e por me apresentar Egéria.

DM

que dizer do mestre? qualquer palavra solta é a catarse integra do coração. a mim devora-me como um eco que vem de dentro à procura de nós. o coração é o sigilo aflito do corpo que sente. gosto do que o júlio escreve possivelmente porque me identifico com a catarse, o caótico, o cáustico. é rigoroso o jeito de impregnar a alma da densidade natural das nuvens e das tempestades.


um beijo para ti e outro para o mestre júlio.

reconheço-lhe o mérito o júlio para mim sempre foi uma referência literária.

é assim que o vejo como poeta

esperei que minhas companheiras e companheiros
escrevessem sobre o comentário seu, camarada zarco. sempre tão gentil e tão sóbrio. dessa vez não tenho palavras.

fica o meu obrigado e o meu abraço fraterno

j.

O hábito do cachimboo... Sendo jornalista e por tantos anos repórter, Júlio Saraiva faz, tantas vezes, da sua poesia, um flagrante da vida real. Apresenta-nos, sem abster-se de um lirismo pungente, a vida tal como ela é, carne crua.
A busca disso que o Xavier chama de uma "memória cultural" tão bem acertado, se relaciona ao tempo histórico vivenciado pelo poeta. Júlio Saraiva pertence à uma geração de poetas brasileiros chamados "marginais". A poesia marginal dos anos 70, antes de tudo lutava para manter um espaço cultural cerceado pela ditadura militar que dominava até mesmo as vertentes artísticas.
Forte é o sentimento de ternura, nos seus poemas em que inicia por dizer:
À Ana Cristina César, à Torquato Neto, à Cacaso,
Capinan... CONSAGRO.
Ao grande Júlio Saraiva, o meu abraço, admiração e muito respeito.
Sandra.

Aproveito, não por preguiça, mas por ser mais simples, por agradecer a todos e, tal como noutra mensagem sobre as minhas leituras, sobretudo ao visado, neste caso o Júlio Saraiva.

Rouba a frase da Margarete: "é rigoroso o jeito de impregnar a alma da densidade natural das nuvens e das tempestades" e acrescento o que menciona a Sandra Fonseca. "lirismo pungente" e há uma aproximação do dizer do autor.

Camarada Júlio, que conheci, melhor: descobri no Escritartes e que aqui reencontrei, lê-lo não é ter a visão de mestre, mas a ideia da criança rebelde e ternurenta que sabe dar valor ao espanto.

beijos e abraços

Xavier Zarco

O Julio movimenta-se com agilidade neste mundo das palavras, usando para isso uma escrita que derrama desencantos excessivos, mas acho que é a sua forma de estar na vida - ou na poesia?!...

Além do mais, a sua convivência pessoal com autores de eleição dá-lhe um força e um àvontade que poucos de nós possuimos.
Um texto que lhe faz justiça, pois é um dos meus autores de referência neste espaço.

Um abraçooo!
Abílio***

o Júlio é um Mestre das Palavras!

Homem de uma capacidade imensa para exprimir o que sente e não manda dizer por ninguém o que lhe vai na alma.
De um saber adquirido pela vida e pelos seus tormentos traz-nos sempre grandes testemunhos de sabedoria e sentimento

Um abraço aos dois!

Os poetas bons devem ser reverenciados em vida. O Xavier Zarco teve a sensibilidade de trazer neste post que agora se torna post-mortem. O poeta está morto, mas a sua poesia vive, entre outras vozes, como sempre foi:

"à mesa do poema a presença de outros autores, não só permitindo um constante diálogo com outras vozes, mas fazendo com que essas mesmas vozes sejam preservadas, isto é: há uma constante busca de memória cultural, memória essa que o Júlio Saraiva pretende viva, porque é de vida a sua poesia."

VIVA MEU QUERIDO JÚLIO SARAIVA!

Cara Sandra,
Soube ontem ao final da tarde da notícia. Mais um camarada meu, alguém que partilhou algumas "trincheiras" comigo, faleceu. Se o mar nos separava, a palavra unia-nos, e continua a unir. Fica de facto uma obra, na minha opinião, de grande valor.
Um beijo,
Xavier Zarco