Poemas : 

BALADA EM VERSOS BRANCOS DO SER E DA MORTE

 
"caminho nos silêncios da casa
e na perseguição da luz
o olhar acende o pó da mobília."

- José Félix, in Teoria do Esquecimento -


não! a casa não é o que pensas
e nem onde sonhas morar
a casa é só um lamento
teu uivo
a casa por inteiro não me dá nada

se me desses um suspiro teu
por acaso eu ia dormir feliz
fazendo de conta que o vento
me contou uma história

era uma vez qualquer coisa....
e o final - ana - era sempre feliz


era uma vez ana
em que me segurei no teu queixo
que hoje nem sei mais por acaso
se foi por brincadeira
ou cinza de quarta-feira

era uma vez ana
havia no meio da história
um coelho que era dentuço
morreu numa quinta-feira santa
traiu são judas tadeu
e vê só aí no que deu

era uma vez ana
um poeta a morrer de vista
sem ter o olhar de drummond
sem a qualidade de bandeira
sem o deboche de o'neill

era uma vez uma praga
mas não deves dizer nada a ninguém
(guarda a rosa em segredo)



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era uma vez eu mesmo




Júlio Saraiva

 
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Julio Saraiva
 
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Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 05/06/2010 15:08  Atualizado: 05/06/2010 15:08
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Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: BALADA EM VERSOS BRANCOS DO SER E DA MORTE
as casas...tantas na minha memória.casas-pessoas,objectos e pó.corredores,memórias,conversas e silêncios,imagens.todas elas vivem em mim,levo-as comigo para onde for.como levo a poesia,como levo as pessoas.como te trago (já)a ti.como te levarei.como um "praga"(eheh),mas boa.o que se "impregna" no nosso espírito ,jamais morre na nossa memória.

abraço,j.

alex