Poemas : 

Setenta e cinco

 
São setenta e cinco as palavras confusas
com que me calo de amor neste poema;
tem a cor do fogo ainda brando
- como a luz dos meus cabelos mornos –
e de mim se escondem com falso pudor,
eu que as vi já tantas vezes nuas.
São setenta e cinco os suspiros polimorfos
que se sucedem rumo ao nada, em migração.

Vai dar em solo de granito, enegrecido,
um amor disforme que não basta ao coração.

 
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Amora
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 05/06/2010 00:58  Atualizado: 05/06/2010 00:58
Membro de honra
Usuário desde: 31/03/2008
Localidade: Braga
Mensagens: 8112
 Re: Setenta e cinco
também as palavras nos vão calando, quando faladas não chegam ao coração.
beijo


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 05/06/2010 01:40  Atualizado: 05/06/2010 01:40
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Setenta e cinco
Vou contando cada palavra, me perco naquela que não chega. O coração disfarça sua fome. E sua poesia me abre o apetite. bj


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/06/2010 14:12  Atualizado: 05/06/2010 14:12
 Re: Setenta e cinco
Um secreto silêncio comunicado em setenta e cinco suspiros que enchem o coração da poesia.
bjs
nuno


Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 05/06/2010 17:42  Atualizado: 05/06/2010 17:42
Colaborador
Usuário desde: 19/10/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3731
 Re: Setenta e cinco p/Amora
Números apenas num silêncio que reclama.

bj
Eduarda


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 05/06/2010 17:46  Atualizado: 05/06/2010 17:46
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 Setenta e cinco à amora
olha o meu setenta e cinco. fizeste-me reler. tu és demais.

de me comover: por ser a véspera nos ramos dentro, nas árvores fora; por as ver despidas, por lhes sentir o vento na madeira oca dos troncos, por me regressar alguém no pós-véspera. de te lembrar como uma árvore ao vento frio da véspera, de te lembrar os olhos pelo meu rosto adentro, de te lembrar a boca inteira na minha, de te lembrar. de outras memórias, noutras estações, de outras eras, de contar-te contos como quem acrescenta neve ao inverno e de querer ter dias mais felizes para te entregar, como quem inventa um novo tempo num outro espaço. de me comover: por seres tu a crescer-me no peito, primeiro frio, depois quente, como um floco de neve a bater-me na língua.


Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 05/06/2010 20:25  Atualizado: 05/06/2010 20:25
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
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Mensagens: 6700
 Re: Setenta e cinco
Se com setenta e cinco palavras caladas tu dizes tanto...Nem consigo imaginar o que dirias se elas falassem!Muito dizer em pouco é para poucos, Amora!
Bjins, Betha.


Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 06/06/2010 08:58  Atualizado: 06/06/2010 08:58
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11099
 Re: Setenta e cinco
Dorinha,
Um poema que me deixou rendida.
Beijinhos
Nanda