Poemas : 

Livro das Ofensas II

 
És tu o vernáculo da verbalidade
Que se espoja livre na língua,
Nesse suporte de tamanha carnaça.
És sexo sem vida ou necessidade
Que se desvirgina na noite exígua,
Mísero profeta de morte e desgraça.

Vende a alma moribunda ao destino,
Embala-a no vento que se consome,
Vela esse teu rosto triste e feio
Nas trevas do morbífico sino.
Dorme na terra árida sem nome
Nu, refém de mistério ou receio.

Não prestas, criatura miserável.
Desfazes-te em caminhos nulos,
No pó que se arrasta em ti.
Silencia-te inútil cascavel
Nascida de ritos incrédulos,
Efémera vida que morri.



A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma

 
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Alemtagus
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 05/06/2010 00:44  Atualizado: 05/06/2010 00:44
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Usuário desde: 08/02/2008
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Mensagens: 4705
 Re: Livro das Ofensas II
Do fim ao princípio tira o fôlego,esse capítulo tão rico! Continua, continua, que eu mereço ler poemas!

Beijo grande, F.