Boneca de porcelana lança sua
sombra no intervalo das paredes
e sua figura se agiganta quanto
mais lhe dá a claridade do sol.
Ali parada assume posição hierática
ante todos os pormenores de todos
os outros objectos, dispostos pela
galeria da casa maravilhosa.
Abajures assemelham-se a passados
que não voltam mais e cobrem os
livros na sua ténue luz, quase
romântica, quase impar no discorrer.
As janelas estão semi cerradas prá rua
e vem até nós a doce fragrância dos
Nardos e Sândalos que abundam nas
traseiras da casa desconhecida.
Escrevo este poema à média luz
aquela pequena estátua que a sombra
nivela por baixo até alcançar outro
patamar, subindo pelas escadas.
E na antiga galeria máscaras grosseiras
e provocadoras têm pregos na parede
enquanto isso todos dormem
na casa que poucos visitaram até agora.
Jorge Humberto
02/06/10