Meus olhos vêem tudo que não devo...
Meus olhos não obedecem o bom senso; rebelde e portador de glândulas do desafio, eles continuam olhando e ao parar em cada parte do seu corpo, eles avançam, correm por entre as veias, dilaceram os fragmentos não permitidos pela natureza... Mas Deus perdoa esses olhos que defloram minha timidez e se insinuam em um caminho sem interditos possessórios...
Eles brilham; se toram aluscinados quando te ve; tornam-se lábios e te beijam; tornam-se a língua e te lambe, com os dentes te tritura, mastiga seus sonhos, seus desejos e como a um livro, te faz pousar naquilo que está acima do real e imaginário...
Meus olhos me conduz; embriagam-me com a exatidão da feiura e a infinitude da beleza... Se apropriam dos objetos palpáveis; das palavras escusas do perdão... Meus olhos passeam por entre as roupas, por dentro delas, sentem a temperatura, o ardor e a frieza, espelem-se, ou criam morada, mas são perdoados pela malicia quase angelical de quem não consegue ser diferente quando se é ostensivamente espontâneo e feitos à moldura da inquietude...
Esses são os meus olhos... Se eu disser sobre minha boca... Serei punida.
Espero fazer amizades; trocar palavras, sentimentos e sentidos para uma nova vida que se desponta a cada novo recado ou cada novas descobertas... Sejam bem vindos!
Adriana Vargas