Tenho sede de tempo
Tenho fome de vida
Tenho o corpo sedento
Tenho a alma dorida.
Visto-me de sal
Do suor das searas
Enfeito-me com o toucado
Que o feno me empresta
Agarro-me às escarpas
Para não tombar ao abismo.
Troco o passo, vacilo.
Agarro-me às silvas
Agarro-me às tábuas
Salvo-me e respiro.
Tenho os pés calçados
Com os caminhos onde piso
Tenho a alma vestida
Com os frutos amargos.
Com as pontas dos dedos
Penteio os cabelos
Seguro as vaidades e
Passo a passo, insisto.
Passo a passo, resisto
A caminhar prossigo...
Quisera eu ser poeta
Quisera eu ser pintor
Escrever telas e pintar poemas
Escrever, pintar, pintar,escrever
A humanidade com muita cor