Saí do metro e então
Ali mesmo à luz do dia
Alguém estendeu a mão
Tinha fome e queria pão
Que dinheiro não queria
Estava atrasada, no entanto
Eu parei, assim que a vi
E qual não foi o meu espanto
Que ao vê-la tirar o manto
Era alguém que eu conheci
Disse-me então que sentia
Vergonha, da sua condição
Que a filha não a queria
Que dinheiro não pedia
Só pedia mesmo o pão
Na pastelaria fui entrar
P'ra satisfazer seu desejo
Comeu a sopa a chorar
A sandes a soluçar
A seguir deu-me um beijo
A minha força, quebrou
Só de a olhar, me doía
Até minh'alma chorou
Afinal onde é que vou
Nem isso eu já sabia
Sem pejo e sem ironia
Me digam então por favor
Se a idade dá méstria
Pois confere sabedoria
Porque não lhe dão valor?
Quem é que pode esquecer
De dar comida e carinho
Pois se continuar a viver
Decerto que vai percorrer
Aquele mesmo caminho.
ROSA-BRANCA