Nas alamedas que me fizeste
há folhas caídas pelo chão,
um Outono que entardece a noite
que me cerra os olhos,
frio que me zurze os ossos
no esquálido sentir da alma esburacada.
Quisera sentir a brisa amena
das memórias prenhes de sol
e tardes ruidosas,
de um riso límpido
a trinar no meu sentir.
As emoções esvaíram-se
pela sarjeta da rua onde não moras mais,
bem-querer de estios ardentes.
Ainda te sonho do beiral
onde me debruço, decorado a jasmim
como qualquer sepultura que se preze.
Quisera esburacar a quimera
que me desenhaste a ferro e fogo
com a tua pele de alfazema,
quisera ser sem ti,
mas sem ti jazo aqui inerte,
numa espera desenfreada
e entardeço as rugas que me decoram a pele.
Um dia neste beiral
já cá não estarei
e de novo me farás a alameda
decorada a mimosas e malmequeres
como qualquer festa minhota que se preze.