Poemas : 

Um poema de amor para quando morreres

 

Nas alamedas que me fizeste
há folhas caídas pelo chão,
um Outono que entardece a noite
que me cerra os olhos,
frio que me zurze os ossos
no esquálido sentir da alma esburacada.

Quisera sentir a brisa amena
das memórias prenhes de sol
e tardes ruidosas,
de um riso límpido
a trinar no meu sentir.

As emoções esvaíram-se
pela sarjeta da rua onde não moras mais,
bem-querer de estios ardentes.
Ainda te sonho do beiral
onde me debruço, decorado a jasmim
como qualquer sepultura que se preze.

Quisera esburacar a quimera
que me desenhaste a ferro e fogo
com a tua pele de alfazema,
quisera ser sem ti,
mas sem ti jazo aqui inerte,
numa espera desenfreada
e entardeço as rugas que me decoram a pele.

Um dia neste beiral
já cá não estarei
e de novo me farás a alameda
decorada a mimosas e malmequeres
como qualquer festa minhota que se preze.
 
Autor
jaber
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1351
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
3 pontos
3
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 28/05/2010 16:57  Atualizado: 28/05/2010 16:57
 Re: Um poema de amor para quando morreres
Ó Jaber, vou-te contar um estigma que tenho: poema de alguém onde eu veja a palavra quimera está quase condenado...
Este teu tem, mais alguns lugares comuns como «no meu sentir», ou «beiral onde me debruço». Mas enfim, o próprio amor é um lugar comum.
Gosto mais de te ver a falar de outras coisas, e às vezes consegues até ser muito bom nestas, mas este melou-me os dedos.
Valha-te o último verso.