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Íntima revolta

 

As normas foram alteradas.
Não foi necessário marcar assembleia para as tornar diferentes. Agora estão mais justas, mais coerentes e mais humanas. São as minhas.
Não, não é presunção ou saliência. É simples coerência.
Tanta discussão, tanta disparidade, tanta incongruência, tanta animosidade. É chegado o momento de intervir e fazer alhear os preconceitos e as teses pessoais do ponto de partida para uma outra posição, um outro estado e uma outra forma de agir. Neste último caso, a minha.
É óbvio que descortino que muitos de vós ficarão atónitos e estupefactos, outros colocarão interrogações e outros, ainda, rematarão com o significado utopia para estas decisões.
É elementar a consideração descabida de crédito e a inoperância desenvolvida, a espaços por uns, e regularmente por outros. Todavia a estratégia a partir deste momento será bem diferente. Aliás será igual a nada. A nada porque não existe.
Em mim só existe a palavra. Mas essa palavra não é só minha. É tua, é vossa. Ela é de todos vós, aliás é nossa.
Não me peçam meças, não fundamentem pensamentos tornando-os vivos na prática, não interajam uns com os outros. Deixem-se estar quietinhos, arrumadinhos e não pensem. Pensar pode alimentar egos, mas por vezes também os seca, indefinidamente.
Sei que não é clara a minha ideia, também não a tenho.
Sei que o amortecer pode levar ao desfalecer, mas não renego este pressuposto.
O amor é o melhor da vida!
Amem-se, como nunca o fizeram. Devorem-se mutuamente, se dois, ou colectivamente, se um todo.
A vida é súbita. A palavra efémera, só que regressa cada vez que quisermos.
Fiquem bem! Eu estou com dúvidas e fico-me por aqui!


António MR Martins

2010.05.27


António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...

 
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António MR Martins
 
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Enviado por Tópico
CarlaDiBagio
Publicado: 30/05/2010 19:33  Atualizado: 30/05/2010 19:33
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 Re: Íntima revolta
Antonio,

Sim, "a palavra é efêmera" como a vida e pode ser tão dura quanto, mas também pode ser eterna.

Como bumerangue vai e volta e pode nos ser devolvida com carinho, amor, revolta, etc., depende de como a mandamos porta a fora para o mundo (parafraseando Pessoa), porque direta ou indiretamente, permitimos que ela nos saia, para o bem ou para o mal.
Sou responsável por minhas palavras e atos e por eles terei que responder, sempre!

Uma obra de ficção é uma obra de ficção, porém, se escrevo sobre fatos reais, a menos que cite o autor, responderei pelo que escrevi. Não posso pretender que todos façam a mesma “leitura” de um mesmo texto: somos inteligências diferentes, temos culturas diversificadas e nossos olhares têm modo distinto de ver os fatos.

Obrigada por tua íntima “e excelente” revolta. Um texto e tanto!

Abraço.