Por que lhe tremiam as mãos
Quando feliz fui buscá-la
Das mãos do senhor seu pai?
Você está inda lembrada, não?
Do Templo a grande sala
Que a cruzar seu passo vai...
Por que lhe tremiam as mãos
Ao atravessar desta Igreja a nave
Se suas coleguinhas de escola
Em seus uniformes e brancas palmas
Sorriam cúmplices à noiva feliz
Protegendo seus sonhos com os seus?
Era um leve tremor
Traindo sua emoção
Sua maninha na frente,
Ingênua, botãozinho em flor
Com seu andar de então
Protelava o instante da gente
Mas... as suas mãozinhas, amor meu,
Por que tremiam assim tão tímidas?
A sua mãezinha estava chorando
Ora ...por que não lhe “dizeu”
Que o amor limpa os olhos úmidos
Em asas de doçura a dois embalando?
Por que colocou nas minhas, suas mãos assim trementes?
Queriam comunicar-me talvez algum profundo secreto?
Ao meu lado, minha mãe, mostrando-se circunspecta.
Meu irmão em lugar de meu pai, que por idoso ausente,
No lado oposto, seus pais, unidos em pacto certo
E um pândego amigo, pasme, numa atitude provecta!
No momento quase supremo de toda a nossa vida
Por que tremiam as suas mãozinhas?
No casamento maior que de qualquer Rainha e Rei
Não houve quase nada, mas teve de tudo querida:
Aquelas contradições em série marcando sozinhas,
E por sua conta, aquele dia quando lhe resgatei.
Se as suas mãos tremiam
Quando feliz lhe busquei
Se entre meus dedos doces e cálidas
Suas macias palmas se aninhavam
É que naquele momento, amor, achei:
Só elas poderiam falar, impávidas
Já que a sua voz, anulada em seu mister
Passou a contemplar o que não podia expressar
Permitiu que se enlaçando
Em silêncio namorando
Tudo ali fosse dito
E tudo em SEGREDO mantido.
* By Xenonmentalista