Trazia meus pés bem firmes sobre a terra.
Deram-me asas. Não hesitei. Fui para o espaço.
Voei alto, muito alto, desvendando a estratosfera.
Porém, como um pássaro, fui covardemente derribado.
Hoje sou apenas um monte retalhado em mil pedaços,
Desprovido dos sonhos, dos encantos, das quimeras.
Sou apenas uma fumaça parda daquilo que eu era.
Um violino frio de taberna.
Um circo sem palhaços.
Talvez seja eu mesmo o maquiador machucado.
Títere japonês de jogos virtuais de bestas feras.
Edificarei em torno do meu eu uma redoma de aço.
Quero ver que mãos mágicas que a descerra.
Mas hei de renascer das minhas cinzas.
Baterei nas rochas meu bico aduncado.
Ficarei numa quarentena em neves eternas
Perdido em meus pensamentos de nuvens.
Hão de se vivificar minhas fartas penugens
Para que eu possa me vestir para essa guerra.
Serei novamente pássaro supremo e azulado.
Mas agora com um novo porém:
A redoma que criarei
Não abrirei para mais ninguém!
Gyl Ferrys
O título é assim mesmo: Cem com C. Para se refletir.
OBs: É uma obra fictícia. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais é uma mera coincidência.