Faz tanto tempo
e o tempo tanto faz
e o tempo tanto fez
que ficou distante o meu querer,
fechar as cortinas de nuvem
em meu quarto nebuloso.
Faz tanto tempo
e o tempo tanto traz
e o tempo tanto faz
em detonar o meu peito
num temporal de vozes e de faces.
Faz tanto tempo
e o tempo tanto levou
e o tempo pouco deixou
da minha maneira de falar de amor
para as paredes de meu quarto uterino.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.