Nas esquinas do Brasil
o cheiro do mofo descortina
a velha mesma cena de areia nos bolsos.
E nas costelas ofegantes
o lacre contém o sangue e os olhos.
A História do Brasil
está mal contada.
Precisa de um sopro sem álcool
a mover seus músculos dependentes.
A cicatriz do Brasil
inflama sob os travesseiros de pluma
e clama pela explosão em alívio.
A glória do Brasil
esconde-se na cartola do fracasso
e disfarça seu medo no fraque de juros.
A glória do Brasil
todo dia é desfeita nos cálculos da dívida
que aumenta mais que a descrença contida.
Nas incertezas do Brasil
o leitão de ouro é amamentado com sangue
e sempre amanhece uma nova mixórida,
incontida na taxa inflacionária.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.