Maria cantarolava uma canção que dava na rádio enquanto se dirigia muito feliz para o seu esconderijo secreto que ficava no Gerês. Era uma zona agreste, quase virgem e com uma lagoa muito fresquinha e cristalina. Só mesmo de jipe se conseguia aceder ao local. Maria conheceu aquele lugar exótico por acaso e passou logo lá oito dias inesquecíveis! Quando tinha férias passava sempre ali oito dias na maior paz e tranquilidade, sózinha e em total comunhão com a natureza.
Estava um dia excessivamente quente de Julho e Maria estava morta por cair nua da silva dentro da lagoa. Depois de várias curvas a descer chegou finalmente ao seu «cantinho». Saiu do jipe e parou de repente sentindo um bac no coração... Afinal já outra pessoa se tinha adiantado e instalado lá e ela já não ia ter o sossego que costumava ter... Entrou de novo no jipe e debruçou-se sobre o volante com um ar de frustração.
O outro ocupante do lugar era uma mulher jovem, na casa dos trinta anos. vinha da lagoa enrolada numa toalha e os longos cabelos pretos brilhavam ao sol.
- Boa tarde... Desculpe, eu sou a Joana. Precisa ajuda? Anda perdida?... - Não desculpe mas é que... - Então, que se passa?... - Sabe, eu já venho para aqui há 4 anos passar oito dias e nunca tive companhia... Eu achava que isto era o meu refúgio secreto... - Bem, eu descobri isto hoje por acaso e não vi nenhum letreiro a dizer «propriedade privada»...
Maria Saiu do jipe e rindo-se apresentou-se à Joana. - desculpe, eu sou uma tola, claro que eu não sou dona de nada... E acho que nos vamos dar muito bem.