Enterro da poetisa
que se fez um pouco por dia
fez-se o final de ver uma Vida estarrecida
que se morreu de Amor um pouco por via,
que se faz enterrar nesta cova de nascimento
a morte eterna de uma Vida Severina.
A cova é grande
grande de se encovar
no solo sagrado...à morte...
a morte de uma Vida Eterna escondida.
O coração sangrado
sem sangue a ser extinguado
mirra sem forças na cova vital extinguida.
Renasce o Poeta emancipado!
sem dor... sem fado...sem cor...
mas clamor ao usar
a dor do Amor sepultado
em cálice menor do que sentiste em Vida.
Esperança em preto e branco
levanta a bandeira ao denunciar
o acalento ilusório
da utopia sangrada e reformulada
da Vida escarnecida.
Morre a poetisa do Amor
renasce a Poeta ressuscitada na dor
denunciando às fontes já de pura Flor
e a plantar sementes de clamor
por uma Vida melhor
que seja Severina
mas forte e imortal
gritando sozinha o amargor
dos Josés e Marias
que lutam pela cova
maior ainda em vida
na qual frutos e lavror
sustentem famílias
cuja terra seja suficiente
apaziguando a fome
mesmo que seja uma Vida...
anêmica e... Severina.