Retrato das lembranças
A noite era linda. A lua brilhava. Meu coração pulava de emoção, emoção que brincava como a gozar de minha inexperiência. Não pude conter essas lembranças que já não estavam em mim, mas na fotografia do colégio que encontrei ao revirar umas caixas velhas no sótão.
Era linda. Ela era linda, maravilhosa. Como era paciente a minha professora de matemática. Chamava-se Laura. A matemática tornava-se uma delícia. Eu ficava animado, minhas dificuldades iam se dissipando e aos poucos os colchetes e parênteses daquela monstruosa expressão pareciam diluir-se na voz aveludada que saia daqueles lábios carnudos e apetitosos.
O colégio era tradicional. O diretor parecia um coronel. Eu? Bem... eu, um coitado na mão do sistema ditatorial da época. Mas um consolo sempre socorria a gente nas piores dificuldades da vida (agradeço a Providência por isto) meu coração e meus pensamentos não eram subordinados a ninguém e podiam divagar em nebulosas nuvens do amor.
Não provoquei para que as coisas acontecessem, mas prestei muito a atenção quando aconteceram. Num dia de prova, estava eu a pensar no exercício matemático, olhar perdido no quadro negro quando percebi que ela me olhava. Fixei-me nela. Os meninos dos meus olhos ficaram encantados com as meninas dos olhos dela, eles se conversaram e foram voar no jardim da fantasia. Beijaram-se, amaram-se e foram felizes para sempre. “PRIIIIIIIIINNN PRIIIIIIINNN!!!”
- Matheus!!! Telefone para você!! - Era a minha irmã que me chamava.
- Um instante Laura... Digo Adriana!
E eu que pensei que mandava em meus pensamentos. Droga de telefone!! O desgraçado sinal atrapalhou os meus sonhos e a minha avaliação!
(Santiago Derin)
Exercitar a leitura é alimentar o intelecto!!!
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