A rosa da saia vermelha.
Diziam os gajos na moita, que a Rosa era boa.
-Pernas altas, a filha da mãe é jeitosa, não é toninho?
-oh!, deixa-me estar.
- Olha agora que ela não te vê!Olha meu grande..burro!
Lá ia ela toda lampeira, cabelo amarrado, levava uma blusa branca, o primeiro botão a descoberto e quase se viam os mamilos.~
A gaja sabe.
A gaja sabe como as pôr em pé! Aquelas pernas altas destapadas as vento, nem me atrevo a dizer mais.
- Parece uma, nem é bom pensar..- o toninho não queria olhar, mas olhou e pecou.
Pecou a noite toda, comeu-a nos sonhos.
Um dia confessou-me tudo.
Entrei na igreja cedo, queria confessar-me, era a minha primeira vez, dezasseis anos feitos e parecia já um homem cheio.
Na minha terra um homem cheio, é gordo, eu estava lá quase..
Enganei-me e entrei para o lugar do padre, sentei-me e esperei.
Já estava a ficar farto de esperar quando de repente entra o toninho no confessionário e começa a disparatar.
- Ai Senhor padre, ajude-me a perdoar a mim próprio. Esta noite..
O tagarela parecia a galo! Cantou , cantou até as doze badaladas, eu nem saia o que fazer, se saía, se falava, se me ria.
Comecei a entrar no sonho dele, mas parecia que eu tinha sonhado, confesso que me excitou.
De tal forma que ainda hoje a gaja me deixa fora de mim.
O toninho estava desesperado..."
IOLANDA NEIVA
Iolanda Neiva
(muitas vezes falo só para mim,
e escrevo para que alguém me ouça)