Duetos : 

uma casa no bolso ( de margarete)

 
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Aglutinemos nossas almas, talvez possamos dar um pouco de alegria à nossa infindável tristeza.

I



hoje partias sem mim, como se quisesses ficar sozinha a doer-te o mundo. e eu andava a apanhar corações de dor que deitaram ao mar. perguntaste-me se ia embora, disse: vou depois de falar contigo. tinhas saudades e não devias ter saudades, mas como impedir o que te impele. eu, tinha vontade de dizer-te coisas, para quê então ter saudades. queria dizer-te: a tua presença traz-me contemplatividade, uma tranquilidade dentro ocupando todo o espaço e tu sabes, porque reparas em todas as vezes que te olho. é assim que gosto de ficar, com vontade de descobrir segredos, mas nunca tive verdadeiramente sucesso. e como explicar-te o que não sei.como explicar-te o porque gosto de ti. é mais fácil dizer-te, gosto porque te gosto.e o que não gosto de ti? não seriam adjectivos ou seriam sentimentos quando tu dizes que tens para mim todas as noites.a tua curiosidade é um turbilhão dentro do que eu considero benéfico, tal como a tua atitude. de teres medo da cidade que trazes em ti quando tu dizes: tenho medo sim, de morrer sozinha, medo dos selos de água, dos carimbos de fogo mas nunca dos sentimentos. tens medo de te magoares, como eu soubesse que quando te dás, dás tudo e dói.digo-te que é mais fácil ver-te com os dedos, pelos dedos.
estás triste hoje e não querias, não te apetece este estar, querias pegar em ti e desaparecer para longe das pessoas que magoam. fazer as malas e partir, porque nada te prende nem nunca irá prender-te. criar-te a partir do nada, do pó, da cinza.mas como, se és já muito.gosto de pensar em ti como uma flor ou então como uma arvore. porque não te quero deixar, nem te quero magoar, se tanto…amar-te.porque é bom amar as pessoas. amo muitas, todas de forma diferente. porque trago amor comigo sim.gostaria de amar-te até ao osso,
mas como…se não me deixas e eu já não quero apenas a carne. não quero nem sou. não seria eu, se apenas te queria carne.outra forma de amar seria, como se ama as pedras ou então os ruídos do mar. por isso, de ti não tenho saudade tenho alegria e sorriso, não melancolia ou outra coisa parecida. porque te tenho naquele momento em que me pediste o copo de vinho e falaste de coisas tuas que também são nossas, e eu gosto de ti sim. gosto de te ler, gosto de ler-te, de ver-me. hoje gostava de adormecer ao teu lado ou pegar-te ao colo. sim, hoje era eu que te pegava ao colo e te levava para perto, para o mais perto possível do longínquo. querias fugir mas como fugir sem prometer o não abandono.porque somos apenas um corpo desde que inventamos segredos e não precisamos de boca, depois, nem sequer precisaremos de corpo.escreveremos um romance, mesmo que tenha frio só de pensar em algo semelhante. porque nada há para perder. dar-nos-emos uma noite e contrairemos um castelo ou um moinho e uma ponte para o farol. seria como casar no alentejo um pouco antes do mês de agosto.porque eu sei, estás cansada das pessoas que ferem, dos sentimentos que doem e porque não quero que sejas doença. como explicar-te que ambos sentimos igual. foi o que senti em ti quando te vi.via-te dentro - sorrisos com simplicidade sem esforço, olhar com vivacidade, nas mãos, agitações dentro das próprias agitações dos dedos, nos passos desenvoltura, nos abraços carinho e nos lábios beijos - é a tua boca que me diz.por isso, como ensinar-te?
 
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Caopoeta
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