Qualquer que seja o perigo
valerá a pena.
Qualquer que seja o preso
valerá a fuga.
Qualquer que seja o progresso
valerá a desordem.
Qualquer que seja o estrondo
valerá o risco.
Qualquer que seja o poema
valerá o vinho.
Qualquer que seja o amor
valerá o ciúme.
Qualquer que seja o motivo
valerá o insistir.
Qualquer que seja a medalha
valerá o esquecimento.
Qualquer que seja o amigo
valerá o abraço.
Qualquer que seja o engano
valerá o remendo.
Qualquer que seja o patrão
valerá o protesto.
Qualquer que seja o tirano
valerá o balaço.
Qualquer que seja o inimigo
valerá o combate.
Qualquer que seja o cansaço
valerá o resistir.
Qualquer que seja a mentira
valerá o derrubar.
Qualquer que seja o final
valerá o começo.
* Série de Poemas manuscritos nos anos 70, período da ditadura militar no Brasil, por um jovem poeta Anônimo.